Reumato Clínica

domingo, 19 de agosto de 2012

Tratamento da fibromialgia

O tratamento adequado requer uma abordagem multidisciplinar combinando as terapias medicamentosas e não medicamentosas. O objetivo do tratamento da fibromialgia é o controle da dor e dos múltiplos sintomas associados, e, com isso, melhorar a qualidade de vida e a função dos pacientes. 

Os exercícios físicos são a intervenção não medicamentosa mais importante no tratamento da fibromialgia. Há forte evidência de que o exercício aeróbio supervisionado é benéfico em reduzir dor, número de pontos dolorosos, melhora da qualidade de vida, da função e capacidade funcional, depressão, ansiedade e outros aspectos psicológicos. Nos casos em que a atividade aeróbia não seja a preferência do paciente ou que haja contraindicação para esta modalidade, os exercícios de fortalecimento e de alongamento são seguros, bem tolerados e podem ser prescritos na fibromialgia. O condicionamento aeróbio é superior ao alongamento, já o treino de força é tão eficiente quanto o condicionamento. O treino de força é partcularmente interessante, pois induz menos fadiga e pode melhorar a capacidade muscular para tolerar um treino aeróbio mais vigoroso. Os pacientes com fibromialgia parecem necessitar de um período maior e mais esforço pessoal para adaptação a um programa de exercício, por isso a progressão da carga deve ser mais lenta que o habitual. Alguns pacientes podem até piorar nas primeiras 8 semanas. 

A terapia cognitivo comportamental (TCC) é um recurso útil no tratamento da fibromialgia. A TCC é uma técnica focada na modificação de padrões cognitivos, comportamentais e emocionais. Padrões cognitivos disadaptativos que dificultam a melhora da dor e qualidade de vida do paciente são identificados na reestruturação cognitiva com o objetivo de aumentar a habilidade de lidar com a condição dolorosa crônica e acelerar a melhora clínica. 

Embora existam na literatura diversos trabalhos sobre o uso de acupuntura, quiropatia, massagem e terapias alternativas na abordagem terapêutica da fibromialgia, os resultados são conflitantes, por deficiência no delinemento dos estudos. 

Os medicamentos recomendados para tratamento da fibromialgia são: amitriptilina, ciclobenzaprina, fluoxetina, gabapentina, pregabalina, duloxetina, tramadol. 

Não há cura para fibromialgia. Com o uso adequado de tratamento farmacológico e não farmacológico a maioria dos pacientes consegue um controle adequado dos seus sintomas, melhorando significativamente a sua qualidade de vida. 

Fonte: Heymman RE et al. Dores musculoesqueléticas localizadas e difusas. Planmark editora, 2010, Sao Paulo. 

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Fibromialgia
A fibromialgia é uma síndrome dolorosa difusa e crônica, não inflamatória. O sintoma principal da fibromialgia é a dor generalizada, envolvendo regiões axiais e periféricas do corpo. O caráter da dor é bastante variável, podendo ser em queimação, pontada, peso. É comum a referência de agravamento pelo frio, umidade, mudança climática, tensão emocional ou por esforço físico. A dor pode estar associada com a sensação subjetiva de edema.


O achado clinico característico na fibromialgia é a presença de sensibilidade dolorosa em determinados locais anatômicos em partes moles, denominados de pontos dolorosos. O exame físico e a investigação não revelam evidências de inflamação ou degeneração articular, óssea ou de tecidos moles.


O cansaço é uma queixa comum, envolvendo quase 81% dos pacientes. Muitos pacientes com fibromialgia descrevem problemas de memória, concentração e motivação. Cerca de 90% dos pacientes apresentam manifestações satélites da doença: síndrome da fadiga crônica, síndrome do cólon irritável, sintomas urinários, dor pélvica crônica, cefaléia, dor miofascial, distúrbios de humor (depressão, ansiedade, transtorno de panico e obscessivo-compulsivo). A depressão e as demais alterações do humor provocam a exacerbação dos sintomas e prejudicam as estratégias de enfrentamento do paciente diante da doença. A fibromialgia pode ocorrer isolada ou estar associada a outras doenças. 

As evidências apontam que na fibromialgia existe uma alteração no processamento do estímulo nociceptivo (percepção da sensação dolorosa). A amplificação dos estímulos nociceptivos se dá na medula e no encéfalo, especialmente nas áreas do circuito de dor e sistema límbico. Os pacientes com fibromialgia ativam muito mais os sítios cerebrais relacionados ao desprazer e sofrimento causados pela dor. A sensibilização periférica manifesta-se com uma resposta aumentada a estímulos dolorosos, um quadro espontâneo de redução do limiar doloroso, aumento da dor após estímulo (dor persistente) e um aumento da área da dor. 

Fonte: Heymann RE et al. Dores musculoesqueléticas localizadas e difusas. Editora Planmark, 2010. 






sexta-feira, 3 de agosto de 2012


O que é Lupus? 
O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES ou apenas lúpus) é uma doença inflamatória crônica de origem autoimune, cujos sintomas podem surgir em diversos órgãos de forma lenta e progressiva (em meses) ou mais rapidamente (em semanas). Alguns sintomas são gerais como a febre, emagrecimento, perda de apetite, fraqueza e desânimo. Outros, específicos de cada órgão, como dor nas juntas, manchas na pele, inflamação no pulmão, hipertensão e/ou problemas nos rins.

Quem tem Lupus?
O lúpus pode ocorrer em pessoas de qualquer idade, raça e sexo, porém as mulheres são muito mais acometidas. Ocorre principalmente entre 20 e 45 anos.

O que causa o Lupus?
Embora a causa do LES não seja conhecida, sabe-se que fatores genéticos, hormonais e ambientais participam de seu desenvolvimento.

Quais são os sintomas da doença?
As manifestações clínicas mais frequentes são:
a) Lesões de pele: As lesões mais características são manchas avermelhadas nas maçãs do rosto e dorso do nariz (a distribuição no rosto lembra uma borboleta) e que não deixam cicatriz. As lesões discóides, que também ocorrem mais frequentemente em áreas expostas à luz, são bem delimitadas e podem deixar cicatrizes com atrofia e alterações na cor da pele. Na pele também pode ocorrer vasculite (inflamação de pequenos vasos), causando manchas vermelhas ou vinhosas, dolorosas em pontas dos dedos das mãos ou dos pés. Outra manifestação muito característica no LES é o que se chama de fotossensibilidade, que nada mais é do que o desenvolvimento de uma sensibilidade desproporcional à luz solar.
b) Articulares: a dor com ou sem inchaço nas juntas ocorre, em algum momento, em mais de 90% das pessoas com LES e envolve principalmente as juntas das mãos, punhos, joelhos e pés.
c) A inflamação das membranas que recobrem o pulmão (pleuris) e coração (pericardite) são relativamente comuns, podendo ser leves e assintomáticas, ou se manifestar como dor no peito. Caracteristicamente no caso da pleuris, a dor ocorre ao respirar, podendo causar também tosse seca e falta de ar. Na pericardite, além da dor no peito, pode haver palpitações e falta de ar.
d) Inflamação nos rins (nefrite): no início pode não haver qualquer sintoma, apenas alterações nos exames de sangue e/ou urina. Nas formas mais graves, surge pressão alta, inchaço nas pernas, a urina fica espumosa, podendo haver diminuição da quantidade de urina. Quando não tratada rapidamente e adequadamente o rim deixa de funcionar (insuficiência renal) e o paciente pode precisar fazer diálise ou transplante renal.
e) Alterações neuro-psiquiátricas: convulsões, alterações de humor ou comportamento (psicoses), depressão e alterações dos nervos periféricos e da medula espinhal.
f) Sangue: as alterações nas células do sangue são devido aos anticorpos contra estas células, causando sua destruição e podem causar anemia, diminuição de células brancas (leucopenia ou linfopenia)  e diminuição de plaquetas (plaquetopenia). 

fonte: cartilha Lupus, Sociedade Brasileira de Reumatologia.